A MONARQUIA DO NORTE
Paiva Couceiro e a contra revolução monárquica (1910-1919).
Quase a seguir à proclamação da República seguiram-se vários movimentos político-militares de revolta, levados a cabo por sectores descontentes com as medidas decretadas pelo governo republicano. Chefiados por Henrique Paiva Couceiro tentavam restaurar o anterior sistema político, a Monarquia.
Resistindo à revolução Republicana, Couceiro refugiou-se na Galiza de onde comandou duas incursões frustradas no Norte de Portugal, em Outubro de 1911 e Outubro de 1912 ficando por isso conhecidas como Outubradas.
Porém, em 1919 conseguiu subverter as instituições nortenhas entre o rio Minho e o Vouga e gradualmente foi avançando para Nordeste.
Figura 221 – Manuscrito da proclamação da República.
A 19 de Janeiro de 1919, com um milhar de soldados e algumas peças de artilharia, Paiva Couceiro restaurava no Porto a Monarquia Constitucional, tendo a Junta Governativa recém-criada, presidida por Paiva Couceiro, revogado a legislação republicana promulgada desde 5 de Outubro de 1910 e restaurado a bandeira e o hino monárquicos.
O território onde se proclamou a monarquia, ficou conhecido como “Reino da Traulitânia”.
Figura 222 – Papel moeda impresso durante a vigência da Monarquia do Norte.
Figura 223 – Bandeira da Monarquia, no reinado de D. Manuel II.
O Minho e Trás-os-Montes aderiram ao movimento monárquico, sendo Vila Real uma das poucas cidades do norte que se mantinham fieis à República (Vila Real, Chaves, Mirandela e parte do distrito de Aveiro).
Para contrariar esta situação, as forças monárquicas saíram da Régua e por Sabrosa seguiram em direção a Vila Real, estacionando no alto de Constantim de onde iniciaram o bombardeamento da cidade.
Do Regimento de Infantaria 13, de Vila Real, saiu um batalhão em direção a Constantim com o propósito de contrariar a ofensiva monárquica. Essa força, comandada pelo alferes Domingos Vaz, dispersou na totalidade ao chegar à povoação de Torneiros quase sem disparar tiros, reconhecendo a impossibilidade de se confrontarem com o elevado número de homens que compunham as fileiras monárquicas. O alferes Domingos Vaz em conjunto com as praças que conseguiu reunir, refugiaram-se em Chaves onde se concentravam as forças fiéis à República.
Figura 224 - Excerto de www.exercito.pt/sites/RI13/Publicacoes/PublishingImages/livroRI13.pdf
A monarquia foi proclamada em Vila Real no dia 24 de Janeiro de 1919.
No entanto a falta de apoio aos rebeldes por parte do centro e sul do país, bem como a falta de apoio da França, Inglaterra e Espanha, condenaram a rebelião ao fracasso, tendo apenas durado até 17 de Fevereiro de 1919 altura em que a Junta Governativa do Porto se rendeu às autoridades Republicanas, tendo Paiva Couceiro fugido para Espanha onde se exilou.
A bandeira Republicana voltou a ser hasteada em Vila Real nesse dia.
Embora nenhuma batalha sangrenta se tenha travado nesta altura em Constantim, novamente fomos palco de um episódio, embora fugaz, da história de Portugal.
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