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  Visita Pascal.

Sob o constante dobrar dos sinos no domingo de Páscoa realiza-se a visita Pascal, que se traduz num cortejo presidido pelo pároco que visita as casas dos fiéis dando a cruz a beijar e aspergindo com água benta a casa abençoando-a em nome de Deus.

 

Do cortejo fazem parte vários elementos sendo o primeiro o portador da campainha que além de anunciar a chegada do Compasso indica a próxima casa a receber a visita pascal sendo depois seguido pelo pároco ou um seu representante, pelo portador da água benta e o portador da cruz.

 

Esta tradição tem no entanto uma origem bem diferente que não a de visitar as casas dos paroquianos levando-lhes a paz de Cristo.

 

Desde o séc. VIII que a bênção das casas era prática comum no entanto sem ligação à quadra pascal. A partir do Séc. IX nos países de influência litúrgica romana impôs-se a bênção das casas na época da Páscoa já que foi na Páscoa original no Egipto, que o Anjo Exterminador poupou as casas dos Hebreus cujas portas estavam marcadas com sangue de cordeiro. A partir de 1614 esta prática estendia-se a toda a igreja Católica.

 

Nem o missal de S. Mateus do século XII nem os sínodos medievais Portugueses fazem qualquer referência à bênção das casas nem à visita pascal no entanto em documentos datados de 1357 e 1436 consta que o pároco ia a casa dos fiéis benzer as casas e “tirar os ovos”. Entende-se desses documentos que para o padre a bênção das casas era apenas uma questão de afirmação jurisdicional e de fazer prevalecer os seus direitos territoriais e paroquiais já que a lei medieval obrigava ao pagamento de dízimos ao clero.

 

É habitual as pessoas referirem-se ao Compasso para designar a Visita Pascal no entanto são coisas diferentes.

 

O Compasso é uma forma abreviada da expressão latina “Crux Cum Passo Domino” que traduzindo é a cruz em que o senhor padeceu. Compasso é pois simplesmente a cruz com cristo crucificado que depois de tanta perseguição e repulsa por parte dos romanos se tornou para os cristãos símbolo de redenção e glória.

 

Por isso o Compasso adornado, acompanha sempre o padre na visita pascal e foi sempre uma forma solenizada de benzer as casas dos seus paroquianos.

 

Desde a Idade Média no entanto, que a visita pascal era apenas um ato de jurisdição paroquial além de um ato de afirmação do direito aos dízimos e outras benesses.

 

A legislação paroquial foi entretanto alterada embora muito recentemente assim como os conceitos da religião cujos propósitos são servir e não ser servida e a visita pascal já não é uma questão de afirmação de direitos do pároco sobre os paroquianos. Actualmente a benção das casas já não é propriamente a prioridade mas sim a obrigação pastoral de conhecer as famílias e anunciar-lhes a paz de cristo ao mesmo tempo que é apresentado o compasso para beijar.

 

No entanto como herança de tempos idos, ficou o hábito de as pessoas deixarem junto da cruz valores que serão depois levantados por um dos elementos da comitiva que efetua a visita Pascal.

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