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  evolução POPULACIONAL

Não é muito fácil saber-se qual a população de Constantim à data da sua fundação, mas é no entanto mais que lógico que em 1096 da nossa era, constituia um importante aglomerado populacional, razão que levou o Conde D. Henrique, ainda antes de fundada a nacionalidade Portuguesa, a conceder-lhe foral para que prosperasse economicamente, garantindo assim também além do seu crescimento, a manutenção de postos de defesa avançados do Reino, dadas as constantes quezílias existentes na altura entre o Condado Portucalense e Espanha na luta pela posse de território.

Os censos da população têm já história muito antiga, embora nem sempre tenham tido o formato que atualmente mais ou menos se conhece. Obviamente as necessidades e interesses eram distintos, mas tendo sempre por base a reorganização do território e dos recursos financeiros, bem como a otimização dos postos de defesa.

Em caso de guerra, os monarcas necessitavam saber em qualquer altura de quantas lanças podiam dispor de forma a ponderarem da melhor forma a estruturação dos seus exércitos.

Os primeiros censos que se conhecem foram levados a cabo por D. Afonso III entre 1260-1279, ficando conhecidos como "Rol de Besteiros do Conto" e em que o rei tentava registar todos os possíveis soldados, capazes de ajudar na defesa do Reino. Esta medida foi também seguida por D. João I, que entre 1421-1422 mandou efetuar novo "Rol de Besteiros do Conto". Este registo contemplava na sua maioria pessoas de condição humilde, já que grande parte dos nobres e abastados solicitavam ao rei a retirada do seu nome dos registos efetuados, acabando os monarcas por aceder na maior parte dos casos.

Em 1527, no reinado de D. João III, é efetuado o maior registo até então da população Portuguesa no «Cadastro da população do reino: 1527», sendo os resultados no entanto pouco fiáveis, já que não havia tempo nem gente para inquirir toda a população Portuguesa da época, sendo por isso em grande parte das localidades registados números aproximados fornecidos em geral pelos párocos.

Em 1732, foi efetuado novo recenseamento, conhecido como censo do Marquês de Abrantes em que se elaborou a "Lista dos fogos e almas que há nas terras de Portugal", resultados que foram publicados no livro "Geografia Histórica de todos os estados soberanos da Europa. Tomo II" em que os resultados ficaram por certo aquém do rigor desejado. Só entre 1801-1849 se realizou o 1º censo com perfis semelhantes aos de hoje, ficando conhecidos como os censos do Conde de Linhares embora só em 1864 se tenha realizado o primeiro recenseamento geral da população Portuguesa já em moldes modernos.

Em função dos números obtidos nas diversas obras consultadas, resume-se a evolução da população Constantinense que mesmo sem haver certezas nos números apresentados até determinada altura (1758), são pelo menos os números que foi possível apurar.

 

Figura A.01 – Portugal Antigo e Moderno - 1874 - Pág. 381 e 382.

Em 1660, de acordo com o livro “Portugal Antigo e Moderno, de 1874”, assinado por Pinho Leal, Constantim possuía 200 fogos, o que equivale a dizer que eram 200 casas habitadas por famílias. Se considerarmos em média 4,2 elementos por família, média arredondada com certeza por defeito, equivaleria a uma população de 840 pessoas. Parece-me pois um número exagerado. (1).

(1) - A média de 4,2 foi apurada pelos números dos censos de 1801.

 

Em 1706, a obra “Corografia Portugueza e Descripçam Topográfica do famoso Reyno de Portugal-Tomo I”, refere 100 fogos o que em habitantes, deveria rondar os 420. Será que em aproximadamente 50 anos, Constantim perdeu metade da população. Que motivos levaram a esta drástica redução?

Em 1751, o “Diccionario geografico, ou notícia historica de todas as cidades, villas, lugares, e aldeas, rios, ribeiras, e serras dos Reyno de PORTUGAL-Tomo II-Pág. 684” refere os mesmos 100 fogos de 1706.

Figura A.02 – Corografia Portugueza e Descripçam Topográfica - Tomo I – Pág. 519.

 

A tendência de abandono de Constantim continuou e em 1757 os livros registavam apenas 93 fogos, rondando os 391 habitantes (Figura A.03).

Sabemos que entre os anos de 1100 e 1333, foram anos de má produção agrícola e consequentemente anos de fome aliada por certo às doenças da época e que também o centro administrativo passou para Vila Real de forma que era aceitável a redução da população. Mas decorridos 400 anos esses fatores não se repetiram.

Terão acontecido calamidades naturais que induziram os habitantes de Constantim a optar pela ida para outras paragens? A igreja paroquial tinha tido o seu restauro concluído em 1726, mas os Constantinenses continuavam em debandada.

 

Figura A.03 – Portugal Antigo e Moderno - 1874 - Pág. 381 e 382.

Por estes anos, sabemos que novos surtos de peste se propagavam pelo país, mas terá chegado a Constantim? Só uma busca extremamente exaustiva poderá ajudar a chegar a alguma conclusão.

Em 1758 (Figura A-04), aconteceram as Memórias Paroquiais em que se registaram os mesmos 93 fogos a incluir 340 habitantes, mas que obviamente peca por defeito já os párocos forneciam os números de pessoas com alguns ou todos os sacramentos excluindo pelo menos crianças até aos 7 ou 8 anos altura em que era ministrada a primeira comunhão.

Figura A.04 – Memórias Paroquiais de 1758.

A leitura da imagem não é completamente conclusiva, mas deduz-se que os números se refiram a pessoas com os mesmos sacramentos. Convém lembrar que os baptismos só começaram a ser documentados na igreja de Constantim a partir de 1751 e portanto não existiriam muitos registos.

As Memórias Paroquiais de 1758 dão-nos uma pista para a perda de população, pois como se pode ver na Figura 90 de Constantim na Antiguidade, estas memórias referenciavam grande fome e calamidades em toda a região por causa dos fortes gelos, supostamente nevões que aconteciam há alguns anos. O pároco de Constantim acusa também o regime senhorial dos elevados foros a pagar pelas terras e refere ser esta a causa da maior pobreza. Penso que isto explica o rápido decrescimento da população.

Figura A.05 – Portugal Sacro-Profano de 1767 – Tomo I - Pág. 178.

Em 1767, data da publicação de “Portugal Sacro-Profano – Tomo I”, são referidos os mesmos 93 fogos, com a particularidade de referir vizinhos e não propriamente famílias ou fogos. Tendo decorrido 9 anos, nasceram e faleceram por certo habitantes, assim como podem ter chegado e partido outros.

 

Por isso optou-se pois por utilizar o mesmo número de habitantes que resultaram dos censos de 1801.

 

Nos censos de 1801, diferencia-se pela primeira vez o sexo permanecendo inalteráveis os 93 fogos e referenciando 391 habitantes, 195 do sexo Masculino e 196 do sexo Feminino. Menciona também 21 pessoas ausentes que não sei se estão ou não englobados na contagem efetuada.

Em função da estrutura apresentada considero que os ausentes estão englobados no escrutínio.

A tendência de diminuição da população inverte-se a partir daqui e nos censos de 1849, verificou-se um aumento quer no número de fogos quer no de habitantes.

Figura A.06 – Censos de 1801.

Figura A.07 – Censos de 1849.

 

Em 1852 o livro “Diccionario Geographico abreviado de Portugal e suas possessões ultramarinas”, na pág. 93 refere 114 Fogos, já em 1853, o “Dicionario Geográfico Abreviado Das Oito Principais Províncias Dos Reinos De Portugal e Algarves”, na Pág. 83, menciona 117 fogos.

Os censos de 1864 vieram confirmar a existência de 117 fogos, menos dois que os censos de 1849, mas registou 497 habitantes, mais 71 que em 1849.

Figura A.08 – Censos de 1864.

 

Na obra “Portugal antigo e moderno; diccionario ... de todas as cidades, villas e freguezias de Portugal e de grande numero de aldeias - tomo 2 - pag. 381-382”, publicada em 1874 por Pinho Leal, refere 130 fogos e os censos de 1878 fixam o número de fogos em 136 e contabilizaram já o número de analfabetos o que revelou interesse no desenvolvimento dos sistemas de ensino.

Figura A.09 – Portugal antigo e moderno; diccionario ... de todas as cidades, villas e freguezias de Portugal e de grande numero de aldeias-tomo 2-pag. 381-382.

Figura A.10 – Censos de 1878.

 

As imagens seguintes mostram os resultados dos censos de 1890 e fazem denotar o lento crescimento populacional que se tem verificado, fruto de fatores diversos com especial relevo para a migração e emigração.

Os dados censitários relativos ao ano de 1900 revelaram novo aumento na população embora subtil.

Figura A.11 – Censos de 1890.

Figura A.12 – Censos de 1900.

 

Nova ligeira regressão se verificou em 1911.

Figura A.13 – Censos de 1911.

Figura A.15 – Censos de 1930.

Figura A.17 – Censos de 1950.

Figura A.14 – Censos de 1920.

Figura A.16 – Censos de 1940.

Figura A.18 – Censos de 1960.

O recenseamento de 1970, registou um decréscimo na população bastante significativo, 100 habitantes, o que terá sido consequência de novo pico de emigração.

Em 1981 nos censos realizados, verifica-se novo aumento na população, muito semelhante à perda verificada nos censos anteriores o que pode levar a pressupor que eventualmente se tratou de emigração temporária, principalmente para a realização de trabalhos sazonais. Também o regresso de residentes das ex-colónias teve impacto no aumento da população.

Os censos realizados em 1991, evidenciaram um aumento substancial na população residente que viria a regredir de novo no recenseamento seguinte.

Figura A.19 – Censos de 1970.

Figura A.20 – Censos de 1981.

Figura A.21 – Censos de 1991.

Em 2001 e 2011 as oscilações repetem-se motivadas com toda a certeza pela busca de trabalho noutras localidades tentando fazer face ao desemprego que aumenta cada vez mais no norte de Portugal afetando Constantim como é de esperar.

Pela proximidade de Vila Real, Constantim começa a ser visto como um local pertencente à área metropolitana de Vila Real, levando já a que algumas pessoas considerassem Constantim como o lugar de eleição para viver.

Figura A.22 – Censos de 2001.

Figura A.23 – Censos de 2011.

Figura A.24 – Valores absolutos de analfabetos (censos 2011).

Apesar de a taxa de analfabetismo ter descido drasticamente, e de acordo com o INE se ter centrado em 2011 em 6,1 %, está ainda acima da média do distrito (± 3.5%) e do país (± 5%). O gráfico da Figura A.24 retirado do site do INE, mostra a proporção por sexo.

No gráfico da Figura A.25, podemos conferir a evolução da taxa de analfabetismo desde 1864, sendo os valores até 2001 incrementados, já que se considera a totalidade da população e como é sabido, para efeitos de taxa de analfabetismo, apenas são consideradas pessoas a partir dos 10 anos.

Figura A.25 – Evolução da taxa de analfabetismo.

 

A Figura A.26 apresenta a população estrangeira distribuída por continentes e que se encontravam presentes na altura dos censos ou que são população com dupla nacionalidade, casos de emigrantes cujos filhos nasceram no país de acolhimento mas que acabaram por regressar, ou pessoas que se naturalizaram no país para onde se deslocaram, tendo pois dupla nacionalidade.

A Figura A.27 ilustra a evolução da população ao longo dos tempos, registando-se claramente uma lenta evolução motivada por fatores socioeconómicos variados.

Figura A.26 – Valores absolutos de cidadãos estrangeiros considerados nos censos 2011.

Figura A.27 – Nº de Habitantes e Fogos em Constantim (Variação).

 

Por fim apresenta-se uma pirâmide etária combinada na qual se verifica a evolução entre os escalões etários, devido principalmente aos avanços da medicina e à melhoria do nível de vida da população.

Pode facilmente verificar-se o elevado número de nascimentos a contrastar com o decréscimo da população em idade ativa e na senioridade, fator identificativo de uma grande taxa de mortalidade em idade relativamente precoce.

Figura A.28 – Pirâmide etária comparativa.

O aspeto da pirâmide em 2011 altera-se radicalmente e embora o número de nascimentos se mantenha aproximado, a esperança média de vida quadruplicou.

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