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  Enterro do Bacalhau.

O Enterro do Bacalhau é uma tradição de cariz pagão cuja origem se perde no tempo e parece remontar ao século XVI. Esta tradição tem lugar no sábado de Aleluia, tal como a queima de Judas e pretende simbolizar o fim das privações do período Quaresmal, que além de outras coisas não permitia o consumo de carne.

 

O concílio de Trento nos anos de 1545 a 1563 conferiu à Igreja Católica um poder e autoritarismo que levou à criação de uma nova Inquisição para combate às heresias. Proibiu o total consumo de carne durante os 40 dias da Quaresma, abrindo no entanto uma exceção àqueles que comprassem esse direito, a bula. Desta forma o consumo de carne era permitido. Esta exceção servia apenas os mais abastados ficando os mais desfavorecidos limitados ao consumo de peixe durante 7 semanas sendo o mais acessível o bacalhau. O povo revoltou-se contra esta ideologia mas foi obrigado a aceitá-la criando no entanto como sentimento de revolta esta tradição pagã.

 

Embora no Jornal Diário de Notícias de 27 de Março de 2013, no artigo que a figura seguinte documenta, se diga que em Constantim o Enterro do Bacalhau se mantém vivo, isto não corresponde à verdade pois desta tradição em Constantim apenas resta o que a lembrança dos mais idosos ainda guarda.

 

A tradição consumava-se no Sábado de Aleluia com um cortejo formado por grande quantidade de pessoas da aldeia que em conjunto com “militares”, “carrascos”, “juízes” e “advogados” aos quais se juntavam pessoas “maldizentes”, escoltavam um grande bacalhau normalmente feito de cartão ou madeira, para ser julgado e morto.

 

 

Figura 255 – Artigo do Diário de Notícias de 27 de Março de 2013.

 

O cortejo decorria em jeito de manifestação teatral que noutros tempos adquiria um elevado empenho dos populares participantes que se dedicavam com afinco a esta peça previamente ensaiada. No decorrer da peça eram tecidas críticas satirizadas aos habitantes que mais se destacavam pela negativa.

 

Finalmente no local do enterro que servia de sala de tribunal eram esgrimidos de forma teatral os argumentos por parte da acusação e da defesa, na certeza no entanto que a condenação era óbvia e incontornável. Tomada a decisão, era encenada a morte do bacalhau, indo de seguida a enterrar perante os gritos de contentamento e a euforia a que os presentes se entregavam.

 

Infelizmente, esta tradição cuja origem se perde no século XVI está desaparecida das ruas e da lembrança dos Constantinenses.

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