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  Capela de sta. bárbara

 

Figura 188 – Capela de Sta. Bárbara.

A impotência do ser humano perante as forças da natureza, levou-o desde tempos muito remotos a recorrer a entidades com poderes superiores, entidades ditas divinas, no sentido de solicitar proteção e outro tipo de benesses. A incompreensão dessas forças bem como a incapacidade de as controlar, reforçou a diversidade de situações onde a ajuda por parte dessas entidades superiores se tornava necessária.

 

Assim, surge a devoção a Sta. Bárbara como protetora contra as tempestades e contra o fogo.

 

Mas para compreender a associação de Sta. Bárbara com as tempestades é necessário conhecer um pouco da vida e morte desta Santa.

 

Segundo a tradição cristã, Sta. Bárbara nasceu na Turquia. Bárbara acaba por se converter ao cristianismo atitude que deixou o pai furioso levando-o a matar a filha depois de a torturar.

 

Na hora em que a matava, ele próprio foi morto caindo fulminado por um raio. Por esta razão Sta. Bárbara passou a ser protetora contra tempestades e raios, passando também a ser padroeira de todos os que trabalham com fogo, como é o caso dos mineiros.

 

O homem, incapaz de lidar com o furor de uma tempestade, recorre então como noutras situações a algo superior, no sentido de que esse ser superior possa apaziguar a natureza evitando ou minimizando tragédias humanas e materiais. É nesse sentido que se dirigem preces a Sta. Bárbara e que se venera esta Santa, organizando festividades com as procissões em sua honra e construindo igrejas e capelas para que a comunidade possa beneficiar da sua protecção.

 

A fé e a necessidade de ajuda contra os elementos da natureza que causam por vezes avultados prejuízos, levou à construção da capela atestando perante a humanidade a devoção à Santa.

 

 

Figura 189 – Registo da capela nos arquivos do SIPA.

Por isso, em dias de tempestade, quando os relâmpagos rasgavam os céus com os trovões a reboar de oriente a ocidente, com as núvens negras atropelando-se e acotovelando-se como se travassem feroz combate fazendo o céu abrir-se, inundando a terra com enormes bátegas de água, ouviam-se as pessoas recitar em jeito de reza:

 

SANTA BÁRBARA PEQUENINA

COM A TORRINHA NA MÃO.

VAI PEDIR A NOSSINHOR,

QUE NÃO DEITE MAIS TROVÃO.

 

Também se queimavam os ramos de oliveira e alecrim, benzidos no Domingo de Ramos, na esperança de apaziguar a ira dos Deuses levando-os a amainar as tempestades.

 

Não se sabe ao certo a data de construção da capela, mas deverá ter sido erigida provavelmente ou em finais do séc. XVII ou na primeira metade do séc. XVIII.

 

O “Diccionario geografico, ou noticia historica de todas as cidades, villas, lugares, e aldeas, rios, ribeiras, e serras dos Reyno de Portugal-Tomo II-Pág.684” de 1751, já referencia a existência da capela, assim como fornece outra informações de relativa importância.

 

Esta informação aliada ao facto de a capela surgir referenciada nas Memórias Paroquiais de 1758, conforme podemos ver no excerto retirado de “As Freguesias do Distrito de Vila Real nas Memorias Paroquiais de 1758”, na Pág. 173, obra coordenada por José Viriato Capela e publicada em Fevereiro de 2006, deverá constituir prova suficiente.

 

 

Figura 190 – Capela de Sta. Bárbara referenciada nas Memórias Paroquiais de 1758.

A capela tem registo no SIPA, e está sob estudo e classificação. É uma construção simples que assenta sobre afloramentos graníticos existentes no monte de Sta. Bárbara e que foram devidamente aplanados e preparados para sobre eles se erguer a capela.

 

Os paramentos são rebocados e pintados de branco em todas as fachadas sendo encimadas por cobertura de duas águas com acabamento em telha.

 

Nos cunhais fronteiros, erguem-se duas colunas de granito quadrangulares sobre os quais assenta uma cornija  biselada na parte inferior e que contorna superiormente o frontão  deslocando-se depois

ligeiramente no sentido do corpo da capela. Foi acrescentada cornija em meia cana, de ambos os lados, de forma a ficar nivelada com a cornija de granito que encima o frontão o que provocou uma pequena subida da cobertura ficando ligeiramente diferente do original, já que antes do restauro a cobertura ficava a um nível ligeiramente inferior à cornija.

 

Sobre a cornija, no prolongamento das colunas assentam plintos simples superados por pináculos piramidais quadrangulares. A encimar o frontão sobre plinto simples está colocada uma cruz latina de secção quadrangular.

 

Na fachada principal abre-se portal de verga reta e na parte lateral direita abre-se porta travessa do mesmo género servida por dois degraus de pedra. As portadas são atualmente em metal de forma a evitar a entrada de pessoas indesejáveis. A área circundante está agora pavimentada com pedra.

 

Os danos que havia sofrido por atos de vandalismo começavam a comprometer a capela e recentemente em 1997, a capela foi alvo de restauro, ficando assim mais jovem e mais vistosa, vigiando e protegendo a aldeia de Constantim com renovado vigor.

 

 

Figura 191 – Capela de Sta. Bárbara há alguns anos e na actualidade com a cornija acrescentada.

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