Capela de s. Gonçalo
Não é possível saber agora o que moveu a população de Constantim a erigir uma capela em honra se S. Gonçalo. No entanto é sabido que este santo nasceu em Arriconha, freguesia de Tagilde, concelho de Vizela em 1187, tendo falecido segundo se julga em 10 de Janeiro de 1262 em Amarante, segundo informação retirada da Wikipédia, conforme a figura seguinte documenta.
Figura 192 – Imagem de S. Gonçalo e informação contida na Wikipédia.
Segundo o que se escreveu sobre ele, parece que depois de visitar Roma e os lugares sagrados em Jerusalém durante cerca de 14 anos, voltou à sua paróquia onde tinha deixado um sobrinho a substituí-lo. Mas com o desgosto de ver o mau trabalho desenvolvido pelo sobrinho, que ignorava os pobres e vivia em fausto luxo, retirou-se para um lugar quase despovoado, onde atualmente se ergue a cidade de Amarante e construiu ele próprio uma ermida dedicando-se à vida de eremita, saindo por vezes para pregar a fé nos arredores e dar ajuda espiritual e material.
Converteu e ajudou socialmente muita gente daquelas paragens e tomou ele próprio as rédeas de construção da ponte de granito sobre o rio Tâmega, angariando fundos, pois muitos habitantes locais e também caminheiros, perdiam a vida ao atravessá-lo.
Durante a construção da ponte, rezam as lendas que faltaram algumas vezes os mantimentos, água e vinho para os operários. Pedindo ajuda a Deus, tocou com o bastão numa pedra e dela começou a jorrar vinho e tocando no outro lado saiu água mais cristalina que a do rio.
Chegou a transformar carvões em pão para alimentar os operários. Fazendo o sinal da cruz nas águas do Tâmega, o peixe vinha submisso para que os famintos os pudessem apanhar.
Com os seus discursos, apaziguava também casais desavindos o que lhe valeu a fama de casamenteiro.
Relacionando agora o que se conta sobre S. Gonçalo e os factos históricos, verificamos que na época em que ele viveu e também no período das inquirições de 1728, ver página "Constantim na Antiguidade", a falta de produção de bens alimentares semeou a fome em toda a região Norte. Esse facto poderá estar também na origem dos poucos nascimentos que se verificavam em Constantim, pois varias aldeias mais pequenas ultrapassaram Constantim no número de habitantes. Também é sabido que em Constantim se casava tarde.
É pois possível que a partir de 1728, se tenha erigido esta capela, ou talvez outro templo mais simples e que posteriormente deu lugar à capela, para pedir a multiplicação dos bens alimentares que como já foi dito, escasseavam. Era a ele que recorriam também as pessoas cuja idade de casar já estava ultrapassada e pelo que se verifica nos registos de óbitos, eram muitas as pessoas solteiras.
Penso pois que o culto a S. Gonçalo, agora quase abandonado, terá tido origem neste período de austeridade, mas seja como for ainda me lembro de quando ia para a escola primária, ver raminhos de flores pendurados no portão da capela, na porta e no óculo circular por cima da porta.
Figura 193 – Capela de S. Gonçalo. Foto Google Maps.
Também havia o hábito ou tradição de atirar pedrinhas para esse óculo com a esperança de que a pedrinha se aguentasse lá. Se não tombasse no chão significava que iria casar.
A propósito dos dons casamenteiros do santo, o povo brincava tecendo quadras sem malícia embora algumas tenham cariz erótico e que em épocas em que o erotismo era completamente vedado, de certa forma davam o seu contributo no sentido de aproximar os casais, já que doutra forma era completamente proibido falar com abertura.
Do blogue http://penafielterranossa.blogspot.pt/2013/01/s-goncalo-de-amarante.html retirei as mais conhecidas entre o povo.
Figura 194 – Quadras populares dedicadas a S. Gonçalo.
Sejam quais forem os verdadeiros motivos que induziram os Constantinenses ao culto a S. Gonçalo, a verdade é que a capela está lá e tal como a de Sta. Bárbara, também ela é simples embora com ligeiras variações entre ambas.
Também a capela de S. Gonçalo tem classificação no SIPA e é objecto de estudo por esta entidade.
Figura 195 – Registo da capela de S. Gonçalo nos arquivos do SIPA.
Tal como foi registado na Capela de Stª Bárbara, O “Diccionario geografico, ou noticia historica de todas as cidades, villas, lugares, e aldeas, rios, ribeiras, e serras dos Reyno de Portugal-Tomo II-Pág.684” de 1751, já menciona a capela pelo que também ela deverá ter sido erigida ou em finais do séc. XVII ou inícios do séc. XVIII.
Um embasamento em granito constitui o suporte sobre o qual se erguem as paredes simples, rebocadas e pintadas de branco. A superar as paredes um friso em granito percorre todo o perímetro contornando o frontão pela parte superior, friso que é superado por cornija em forma de meia cana sobre a qual assenta a cobertura de duas águas feita em telha. Nos cunhais fronteiros e sobre plintos baixos, erguem-se pináculos piramidais quadrangulares. Sobre o vértice do frontão e também sobre plinto baixo eleva-se uma variante de cruz latina de secção quadrangular mas rodada 45º de forma que um dos ângulos do quadrado fica voltado para a frente. Na base da cruz um chanfre no ângulo facilita o encaixe no plinto.
Na fachada principal ergue-se porta de verga reta, que tal como as ombreiras são em granito. No frontão, surge óculo circular moldurado em granito. Possui pequeno adro em forma de passeio e a restante área destinada a jardim. A área é delimitada frontalmente por gradeamento em ferro sobre murete de granito. O murete é delimitado ao centro por colunas quadrangulares encimadas por pequenos pináculos piramidais quadrangulares formando a entrada e é interrompido lateralmente a meio por uma colunata quadrada, ligeiramente mais larga que o murete mas que se insere neste.
O interior é também rebocado e pintado de branco.
Figura 196 – Capela de S. Gonçalo há 30 anos.
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