OS FONTANÁRIOS
Ao falarmos sobre os fontanários, pode parecer que não vamos falar de história, mas a verdade é que temos que recuar no tempo recorrerendo a ela, para podermos entender o porquê de determinados símbolos que se encontram em Constantim e dos quais não sabemos o significado ou que até nos passam despercebidos, mas que com um pouco mais de atenção, acabamos por verificar que esses símbolos retratam um certo período da história e acabam por nos localizar num determinado tempo.
Dois dos fontanários, transportam-nos no tempo, fazendo-nos recuar ao Séc. XVII, até aos chamados “300 anos da vergonha”, período que não é do conhecimento de todos. Desde 1272, data em que D. Afonso III concedeu carta de foral a Vila Real, que esta cidade ostentava no seu brasão uma espada com a ponta voltada para cima tendo sido depois acrescentada a palavra “ALLEO”, (atualmente “ALEU”) após a conquista de Ceuta.
Porém, em 1641, após a Restauração da Independência levada a efeito em 1 de Dezembro de 1640 pondo termo a 60 anos de domínio Espanhol, os Marqueses de Vila Real tomaram o partido daqueles que abraçavam a causa da união com Espanha.
Figura 216 – Fontanário da Rua do Fundo da Rua com a espada do brasão invertida.
O eleito rei D. João IV como castigo, ordenou que a espada que figurava no brasão da cidade fosse colocada com a ponta voltada para baixo em sinal de vergonha e desonra.
Assim ficou o brasão até 1941, data em que por requerimento da Câmara Municipal ao Ministro do Interior, foi autorizada a reposição da espada do brasão, na sua posição original.
Decorreram entretanto, 300 anos, ficando este período conhecido como os "300 Anos da Vergonha".
É durante este período que a história de Constantim sofre as influências das decisões tomadas na capital da província de Trás-os-Montes cerca de 300 anos antes.
Assim, como a conclusão da rede pública de distribuição de água em Constantim, aconteceu durante este período, os fontanários da Rua do Fundo da Rua e da Ranginha, ostentam o brasão de Vila Real com a espada invertida.
Figura 217 – Fontanário da Ranginha com a espada do brasão invertida.
Encontravam-se tambem dois outros fontanários em ferro fundido e muito semelhantes entre si, um no Largo do Cruzeiro e outro a meio da Rua do Fundo da Rua, no entroncamento desta com a Rua do Forno.
Embora desativado, o fontanário do Largo do Cruzeiro permanece ainda no seu lugar. No entanto, o do Fundo da Rua
desapareceu do lugar onde sempre esteve e encontra-se, creio eu, no adro da igreja. Estes fontanários não valem pela beleza estética ou arquitetónica, mas sim pelo simbolismo que carregam, sendo afinal as partes visíveis de um importante benefício para a população, a rede pública de distribuição de água.
Ao longo do tempo, o sistema de abastecimento foi sofrendo alterações e renovações com o esforço conjunto de habitantes e Junta de Freguesia, culminando na distribuição de água sanitária em todas as habitações. Quase não há habitações sem água canalizada em Constantim.
Figura 218 – Fontanário do Largo do Cruzeiro.
Desde sempre, a exploração da água era feita pela Junta de Freguesia. No entanto, por deliberação desse mesmo órgão administrativo, no mandato de 2009/2013 em que presidia António Batista de Carvalho, eleito em 11/10/2009, a distribuição de água na
freguesia passou a ser feita por intermédio da Câmara Municipal de Vila Real, para desagrado de muitos dos habitantes.
O resultado desse ato eleitoral está retratado na figura seguinte.
O saneamento básico iniciado no mandato anterior, ficou também concluído no mandato de 2009/2013.
Foi o último ato eleitoral de Constantim como freguesia independente, pois a partir de 2012, com a remodelação que se verificou, Constantim foi unida à Freguesia de Vale de Nogueiras, passando a adquirir o nome de Freguesia de Constantim e Vale de Nogueiras.
Com franqueza, quem traçou este projeto de reestruturação, não sabia mesmo o que estava a fazer.
Figura 219 – Resultado eleitoral de 2009/2013.
Com a criação em 28 de Outubro de 2003 da empresa EMARVR - Empresa de Água e Resíduos de Vila Real era pois sua responsabilidade o fornecimento e gestão da água distribuída em Constantim embora a freguesia continuasse a utilizar a “sua” água.
Dada a carência crescente deste bem essencial, foi construído em Constantim, no monte de Santa Bárbara, um Reservatório com 2000 m3, servido desde o reservatório do Couto e destinado a abastecer o loteamento industrial e as zonas altas do Couto e de Vila Nova, prevendo-se para breve a ligação a Constantim, Andrães e Mosteirô. Na data em que este texto está a ser redigido, já essa ligação foi efetuada e é pois desta forma que o principal fornecimento de água é feito em Constantim.
Figura 220 – Reservatório de água construído em Constantim.
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