Fonte de S. Fructuoso
A fonte de S. Frutuoso é um complexo construído e utilizado desde o ano de 1929 para que as mulheres pudessem lavar a roupa. É constituído por um tanque principal com cerca de dois metros de profundidade, com paredes em pedra alisada e terminadas com blocos de granito facejado, em cujo centro um tanque mais pequeno também em granito permite desempenhar essa função sendo o acesso feito através de escadas. O tanque recebia as águas excedentes da mina de S. Frutuoso e também água da rede pública que depois desaguavam no ribeiro que contornava o recinto ou então eram aproveitadas para regar os terrenos que lhe ficavam abaixo.
Figura 175 – Pormenor do Tanque Grande após requalificação do lugar.
Os excedentes da mina de S. Frutuoso desembocavam também numa outra abertura coberta por um bloco de granito, mas que com o processo de requalificação da fonte, acabou por desaparecer. Daqui, também as águas seguiam para os terrenos ou para o ribeiro.
Atualmente não há água na mina de S. Fructuoso.
O ribeiro, como era designado o curso de água, até à década de 70, fazia correr as suas águas quase todo o ano exceto nos picos de Verão. Gradualmente foi perdendo o seu caudal e agora já nem no Inverno faz correr as suas águas pelo seu leito de sempre. Raros são os anos em que as suas águas visitam a aldeia de Constantim.
Outros oito tanques em granito, atualmente apenas quatro por ter sido retiradas duas divisórias de pedra em cada lado, foram construídos debaixo de um telhado de zinco, agora com telha, cuja estrutura é suportada por dez colunas quadrangulares em granito, para que o processo de lavagem da roupa pudesse fazer-se também nos meses de inverno, estando as mulheres abrigadas da chuva. O recinto circundante estava relvado e servia para colocar a roupa a secar ou corar. Corar era o antigo processo de branqueamento da roupa que era colocada a secar envolvida em sabão que em conjunto com a acção do sol, branqueava a roupa.
Depois seguia-se uma segunda lavagem e a consequente secagem.
Figura 176 – Vista geral da Fonte de S Frutuoso após a requalificação.
Todo o complexo terá surgido no entanto, graças à existência da mina de S. Frutuoso e às suas abundantes águas e que, estando outrora completamente aberta, com a requalificação da área tomou um aspeto diferente.
Figura 177 – Outra panorâmica da Fonte de S. Frutuoso após a requalificação.
Figura 178 – Pormenor dos tanques cobertos onde são visíveis as marcas das antigas divisórias que compunham os oito tanques.
Foi da mina que a figura seguinte apresenta, que saiu muita água para os moradores de Constantim e para os visitantes que noutros tempos aqui faziam peregrinações para pedir ou usufruir das bênçãos de S. Fructuoso.
É certo também que num passado mais longínquo, a mina poderia não existir e no seu lugar ou nas proximidades, existiria provavelmente um poço.
É certo também que, nesse passado mais longínquo, não existiria nenhuma semelhança com o atual recinto da Fonte de S. Fructuoso, que provávelmente estaría submerso, pois como vimos na História da Igreja, a primitiva igreja situava-se nas proximidades de um lago.
Até que se encontre um documento que mostre ou descreva como era no passado, tudo são apenas conjeturas.
Figura 179 – Vista da mina de S. Frutuoso após a requalificação.
Independentemente da forma como as coisas se passaram ao longo dos tempos, tal como D. Diniz acreditou, curando uma dor de cabeça que o molestava por tocar na Santa Cabeça da qual ficou devoto, também os Constantinenses vão continuar a acreditar nas suas benesses.
A água da mina será sempre milagrosa quando apanhada pelo S. João antes do nascer do sol, mesmo não tendo água e finalmente para mim próprio e tal como sempre ouvi, S. Frutuoso fechou os passarinhos dentro da mina que tem o seu nome, tapando a entrada com uma grade de gradar a terra.
Não há dúvidas que o espaço está actualmente mais bonito, aprazível e funcional.
Não há dúvidas que o aspeto de abandono que apresentava desapareceu.
Mas também não há dúvidas de que do tempo em que a água corria de todos os lados, do tempo em que tinha que se atravessar o ribeiro em cima de pedras, em que se faziam corridas de pauzinhos nas suas águas e em que se corria para os terrenos porque o ribeiro tinha “rebentado”, as saudades também são grandes.
Figura 180 – Vista da Fonte de S. Frutuoso muito antes da requalificação.
Pena é no entanto, que com a requalificação, a mina de S. Fructuoso tenha perdido o seu antigo aspeto, o que diga-se em abono da verdade, não seria difícil de conseguir, apesar dos antigos traços lhe terem sido roubados numa anterior e infeliz intervenção.
Convém pois ter sempre presente que requalificar, não tem que significar alterar radicalmente. Requalificar deve acima de tudo significar restauro mantendo sempre que possível os traços conhecidos. Lamentavelmente, não foi o que aconteceu.
-
.
.