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CONSTANTIM NA AtualiDADE

O Gastalho

 

O Gastalho, que de acordo com a região do país adquire nomes como, picota, cegonha, cambão, cavaleiro, burra, trambola, balanço, picanço, bimbarra, gaivota, cigonho, zanga, grulha e certamente outros, foi originalmente desenvolvida na Mesopotâmia e aparece documentada pelo menos desde o ano 2000 AC e até muito recentemente era usada de Norte a Sul do país.

Atualmente restam ainda alguns exemplares em poços de algumas aldeias, mas com pouco ou nenhum uso, tendo noutros tempos sido utilizado não só em Portugal, mas também em Espanha, França, Grécia, Egipto, indo até ao Japão.

Apesar de se crer que este dispositivo é originário da Mesopotâmia, foi introduzido em Portugal pelos Muçulmanos.

Esta alfaia de conceção simples e rudimentar, é composta essencialmente por duas peças grandes de madeira, uma na vertical fortemente presa no terreno e outra na horizontal, colocada de forma perpendicular em relação à anterior.

Figura 394.1 – picota, cegonha, cambão, cavaleiro, gastalho, burra, trambola,balanço, pica
Figura_394_–_picota,_cegonha,_cambão,_cavaleiro,_gastalho,_burra,_trambola,balanço,_pi

 

Figura 394 – O Gastalho.

 

A peça vertical era normalmente um tronco de árvore com uma bifurcação, em forma de “Y”, cujas hastes eram atravessadas por um ferro que serviria de eixo. A peça horizontal era formada por um tronco de cerca de 5 a 7 metros aproximadamente, resistente mas esguio. Este tronco era furado sensivelmente a meio para poder girar no eixo metálico inserido na bifurcação do pilar. No extremo mais grosso deste tronco basculante era montado um contrapeso, normalmente em pedra, com peso suficiente para facilitar a subida do balde cheio e não dificultar a descida do balde vazio, minimizando assim o esforço na utilização do dispositivo. No extremo oposto, uma corda prendia uma vara relativamente fina para ser manobrada à mão e suficientemente comprida para chegar à água. Na ponta desta vara, prendia-se o balde para elevar a água do poço para o local de distribuição da água para a rega.

 

Desta peça resultante do engenho humano para conseguir melhores produções, os exemplares que ainda restarem, constituem verdadeiros monumentos aos rigores de outros tempos em que o trabalho árduo e penoso era uma constante e os gastalhos faziam parte da paisagem humanizada das povoações repousando na vertical à espera que braços fortes o fizessem girar e elevassem a água do poço e dessem de beber às pequenas parcelas de terreno onde não houvesse água de lima, já que para as grandes parcelas, era manifestamente insuficiente.

Aos poucos irão desaparecer em definitivo, ficando apenas as memórias e os registos sobre esta ferramenta utilizada ao longo de mais de 5000 anos em quase todo o planeta.

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