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  O Amolador.

 

Como tantos outros momentos aprisionados nas malhas do passado, quase desvanecidos por completo como os sonhos, também o peculiar som que outrora entrava por portas e janelas já quase se não houve. Era o som inconfundível de uma flauta de tubos que anunciava a chegada de uma figura solitária, um homem humilde, habitualmente de rosto carregado, mas que por baixo da boina deixava escapar um sorriso simpático acompanhado muitas vezes de palavras amigas.

Era o Amolador.

A necessidade de mais fácil locomoção, levou-o a adaptar as suas ferramentas que instaladas numa bicicleta com algumas modificações para o efeito, eram agora o seu novo instrumento de trabalho.

Depois de satisfeitos os clientes, seguia rua fora, com a bicicleta a seu lado como se fosse a sua sombra, extraindo da flauta a mesma melodia de sempre que moldada pelos seus lábios seguia à sua frente como um arauto, entrando nas casas a anunciar a sua chegada.

 

Figura 324-A1 – Antigo Amolador.

Primeiro, calcorreava a pé grandes distâncias, empurrando a sua banca de trabalho sobre uma grande roda que era parte integrante da banca. Quando instalada para trabalhar, um comprido pedal imprimia movimento à roda que ligada por uma correia a uma pedra de esmeril rotativa permitia que o Amolador executasse o seu mágico trabalho de transformar velhos objetos cortantes em objetos novos em folha, quer fossem facas de todos os tamanhos e feitios, tesouras de todas as formas, navalhas, etc. A tudo dava solução. Como tarefa adicional reparava todo o tipo de guarda-chuvas e sombrinhas.

AMOLADOR
AMOLADOR

 

Figura 324-A2 – O Amolador.

 

Ao ouvir a melodia todos sabiam que chegara o Amolador e que a troco de algumas moedas iam por fim ter alguns dos seus problemas resolvidos.

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