top of page

CONSTANTIM NA AtualiDADE

Enxó, Plaina, Pua,  Serra, Verruma e Trado

Enxó

 

A enxó é uma antiga ferramenta utilizada por marceneiros e tanoeiros para desbastar maiores quantidades de madeira, deixando-a com medidas aproximadas relativamente ao pretendido. As superfícies talhadas não ficam lisas, porém não é essa a função da enxó.

A ferramenta é constituída geralmente por quatro peças.

Um cabo em forma de olhal ovalado, com o lado oposto mais curto e em forma de quarto de círculo ou de triângulo, sendo paralelo relativamente à base o troço mais próximo do olhal. Uma lâmina metálica em forma de “U”, tendo ligada na parte convexa uma tira metálica plana que apoia na base da enxó, ficando a lâmina posicionada na direção do olhal destinado a introduzir a mão.

Figura 333 – Uma enxó.

Uma cinta metálica de formato quadrangular que se destina a fixar a lâmina contra a parte oposta ao cabo em forma de olhal e que possui uma saliência para ser ajustada com um martelo. Finalmente, cunhas de madeira ou ferro que se introduzem entre a lâmina e o cabo de forma a suprimirem eventuais folgas que a ferramenta possa ganhar com a utilização.

Como tantas outras coisas, as máquinas modernas relegaram a enxó para a secção de antiguidades e só mesmo os aficionados pelas coisas de outros tempos as utilizam.

Plaina

Figura 334 – A plaina.

 

A plaina é também uma ferramenta utilizada noutros tempos pelos profissionais cuja matéria-prima com que lidavam era a madeira, embora com especial incidência para os carpinteiros.

Era utilizada, para desbastar, nivelar e até determinar a espessura das peças a trabalhar o que significa que dependendo do tipo de plaina e afinação da ferramenta, pode trabalhar-se a peça desde o desbaste inicial até ao afagamento final.

Essencialmente a plaina consiste num corpo de madeira em forma de paralelepípedo com um entalhe oblíquo, onde entra uma lâmina disposta em ângulo relativamente à base.

 

O gume da lâmina é ajustado de modo a ficar ligeiramente saliente em relação à base, permitindo assim arrancar maiores ou menores porções de madeira de forma a obter a peça final. O trabalho é executado com constantes movimentos vaivém até se obter a forma ou espessura desejada.

Também a plaina teve momentos áureos, mas acabou substituída pelas ferramentas elétricas que permitem efetuar o mesmo trabalho com menor esforço, em menos tempo e com mais precisão.

Pua

 

A pua é também uma ferramenta manual de outros tempos e de cujo eixo vertical sai um arco quadrangular destinado a fazer girar a ferramenta, para que a broca possa perfurar a madeira. É uma ferramenta que requer esforço físico, possuindo no extremo superior do eixo um punho giratório. Do eixo sai um arco quadrangular que une à parte inferior do eixo que suporta o dispositivo de fixação das brocas.

O arco suporta um punho giratório facilitando assim a tarefa de girar o arco imprimindo movimentos giratórios à pua. O punho giratório serve para apoiar a mão ou o próprio corpo de forma a impelir a pua contra a madeira e facilitar a entrada da broca.

Figura 335 – A pua.

 

Junto ao dispositivo de fixação das brocas, uma catraca fixa o segmento do eixo inferior ao mesmo tempo que facilitava a utilização em locais com pouco espaço. Não era fácil trabalhar com a pua, pois requeria hábito, caso contrário muitas das brocas partiam-se.

A ferramenta foi quase totalmente substituída pelas ferramentas elétricas de furação.

Serra

Figura 336 – A serra.

 

As serras antigas, são compostas pela estrutura de madeira, a lâmina de corte e os fixadores da lâmina que além de a fixarem permitiam orientar a inclinação do corte.

Habitualmente adquiria-se apenas a lâmina e os fixadores sendo a estrutura de madeira feita pela própria pessoa. A estrutura em forma de “|----|” era conseguida com três ripas de madeira resistente em que a travessa horizontal era introduzida nas duas verticais dando assim o tamanho à serra que se equiparava ao tamanho da folha de corte. Depois de todas as peças estarem colocadas no lugar respetivo, completava-se a serra com duas ou quatro voltas de cordel de sisal a unir os extremos verticais opostos à lâmina. Colocado o cordel, finalizava-se a ferramenta com o dispositivo de afinação que constava de uma pequena ripa de tamanho ligeiramente superior à medida da distância entre o cordel e a travessa horizontal da serra.

 

A pequena ripa introduzida nas voltas de cordel girava-se para um lado fazendo torcer o cordel o que permitia esticar a folha sucessivamente a cada volta até encontrar o ponto desejado. A travessa horizontal funcionava assim como fixação do “afinador”.

As atuais serras e serrotes de formatos diversos e adaptados a todas as circunstâncias, entregaram a velha serra à secção de memórias.

Verruma

 

A verruma é um instrumento construído em aço possuindo uma extremidade em forma de rosca helicoidal sendo a outra extremidade curvada em forma triangular para facilitar o seu manuseio.

Era utilizada principalmente para madeira quer para abrir pequenos buracos para aplicação de parafusos, quer para iniciar a furação para a pua. A rosca é pontiaguda aumentando gradualmente de diâmetro, sendo o limite máximo, o diâmetro do aço da própria verruma.

​​

Figura 337 – A Verruma.

Colocada no local onde será feito o furo e depois de um ligeiro aperto contra a madeira, iniciam-se com a verruma movimentos de rotação no sentido dos ponteiros do relógio até entrar na madeira em profundidade suficiente para a continuação dos trabalhos. Retira-se girando-a com movimentos inversos.

Trado

Figura 338 – O Trado.

 

O trado é em funcionamento semelhante à verruma, porém de maiores proporções, servindo pois para abrir furos de diâmetros superiores. É composto por um troço em aço tendo um dos extremos um roscado fino e pontiagudo para agarrar a madeira sendo depois seguido por voltas helicoidais afiadas e de diâmetro superior, que permitem abrir o furo desbastando a madeira à medida que o furo vai sendo aberto.

Por ser para grandes diâmetros, necessita pois de muita força para ser accionado e para isso possui no outro extremo um olhal circular destinado a introduzir um pau ou ferro para que se possam utilizar as duas mãos, ou que possam ser duas pessoas a operar a ferramenta.

 

Atualmente os trados mecânicos e elétricos para todas as finalidades, substituíram totalmente os antigos trados e verrumas restando apenas a memória para os lembrar, pois muito trabalho foi feito com seu auxílio.

*

 

*

bottom of page