A Fisga
A fisga, era também para os miúdos como que um objeto de uso pessoal, pois não faltava nos bolsos da esmagadora maioria. Faziam-se concursos para atirar com a fisga, para latas metálicas que se colocavam em cima de qualquer parede ou ponto de apoio mais elevado, fazia-se pontaria e atirava-se aos gatos que passeavam nas ruas, aos pardais que saltitavam nas árvores, de vez em quando atirava-se às lâmpadas dos candeeiros da rua e, enfim, a um sem número de outros alvos.
Figura 364 – A Fisga.
A fisga consiste num dispositivo em forma de “Y”, uma galha que normalmente demorava a encontrar com a configuração perfeita. Era nas giestas que se encontravam as galhas mais certinhas e quando secas ficavam muito resistentes. A galha era pois o dispositivo fixo do brinquedo e a parte móvel era formada por elásticos cortados de velhas câmaras-de-ar de velocípedes com ou sem motor ou de automóveis. Quanto mais espessa a câmara-de-ar, mais estreitos seriam os elásticos, caso contrário não se conseguiam esticar. A finalizar os componentes uma tira de formato retangular em couro, normalmente retirada de velhos sapatos, servia para unir os dois elásticos e colocar as munições.
Cada elástico era apertado por uma ponta num dos dois extremos superiores da galha enquanto as outras pontas, atravessando um corte na tira de couro eram apertadas contra o próprio elástico, causando a prisão da tira de couro que deveria ser mais ou menos flexível.
Para municiar a fisga, escolhiam-se as pedras mais arredondadas, normalmente com um a três centímetros de diâmetro e que com frequência atulhavam os bolsos à espera da oportunidade para serem utilizadas.
Depois era só decorar a fisga ao gosto de cada um e começar a causar estragos, quer nalgumas vidraças, quer nos candeeiros da rua ou nas portas das casas.
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