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Jogo do Eixo.

O jogo do eixo tinha pelo menos duas versões. Ambas se jogavam em Constantim até aos anos 60/70 do século XX.

VERSÃO 1:

A primeira versão reunia vários participantes e quantos mais fossem, mais engraçado se tornava. O jogo iniciava com um dos participantes curvando-se para a frente e apoiando as mãos nos joelhos, oferecia as costas como apoio. Os restantes participantes, um após outro, tinham que saltar por cima, apoiando as mãos nas costas e abrindo as pernas no momento de passar por cima. Depois de saltar, colocavam-se um ou dois metros à frente, na mesma posição inclinada a aguardar que os outros participantes saltassem da mesma forma sobre ele. Isto era um procedimento comum a todos os jogadores.

Quando o último participante acabasse de saltar sobre o primeiro que se curvou, este levantava-se e saltava por sua vez por cima de todos os outros. Cada participante saltava sempre sobre todos os outros que seguiam em fila e desta forma, percorriam-se muitas vezes as ruas neste constante saltitar, muitas vezes por várias centenas de metros.

Quando por qualquer razão um dos participantes falhasse o salto, não tinha direito a saltar mais e dirigia-se para o fim da fila, agachando-se à espera da próxima ronda de saltos que iniciava quando todos tivessem saltado sobre ele.

Para dificultar o jogo, os elementos que acabavam de saltar, colocavam-se muitas vezes demasiado próximo do último elemento de forma a não deixar espaço para o impulso seguinte assim com também se curvavam menos de forma a ficarem mais levantados e assim dificultar o salto, necessitando o jogador de mais poder de impulsão para ultrapassar o obstáculo. Este jogo, que ao desenrolar-se serpenteava pelas ruas, era sem dúvida um excelente preparador físico e mental não necessitando de nenhum aparelho de ginásio.

Jogo do Eixo

Figura 366 – Jogo do Eixo.

VERSÃO 2:

A outra versão que implicava apenas um jogador curvado, subordinava-se sempre a um tema com a concordância de todos. Normalmente o tema que mais se utilizava eram as cidades.

Para selecionar o jogador que ficaria baixado, traçava-se uma linha a cerca de 80 centímetros de uma parede. Depois cada jogador atirava uma moeda contra a parede de forma a conseguir aproximar a sua moeda o mais possível da linha traçada. O jogador cuja moeda ficasse mais afastada da linha, agachava-se para dar início ao jogo.

A ordem de jogo seria a mesma ordem de proximidade das moedas da linha traçada, sendo o primeiro jogador aquele que mais aproximou a moeda da linha e assim sucessivamente para os outros jogadores.

O primeiro jogador ao saltar sobre o jogador agachado, pronunciava o nome de uma cidade (habitualmente no tema cidades, eram permitidas todas as localidades nacionais ou estrangeiras e também países). Todos os restantes jogadores ao saltar sobre o jogador curvado, tinham que dizer no momento do salto uma palavra que rimasse com a localidade dita pelo primeiro jogador a saltar, sem repetir as palavras proferidas pelos jogadores anteriores. Havia tempo limite para arranjar a rima e saltar.

Se algum jogador falhasse o salto ou não conseguisse a rima, ia para o “Moicho”, o que significava tomar o lugar do jogador que inicialmente se tinha agachado, para que todos saltassem sobre ele. A maior parte das vezes quando não ocorria a rima e o tempo se tinha esgotado, o que se fazia era saltar para cima do jogador agachado, fazendo-o ir ao chão.

O jogador que saía do “Moicho” passava a ser o último a saltar.

O jogo chegava a prolongar-se durante horas.

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