CONSTANTIM NA AtualiDADE
A Gadanha e a Seitoira
A Gadanha é uma alfaia manual utilizada para ceifar cereais ou cortar erva. Em Constantim os termos ceifar e cortar foram substituídos popularmente pelo termo segar.
A Gadanha é composta por duas peças fundamentais, a lâmina e o cabo de madeira, (metálico mais recentemente). Possui também uma pega a meio e outra no extremo do cabo, ambas colocadas perpendicularmente ao cabo, para que quando se manuseia a alfaia, se consiga melhor controlo sobre a posição da lâmina.
Manuseia-se a Gadanha segurando as duas pegas para que a lâmina fique paralela ao chão. O agricultor desloca-se lentamente oscilando a ferramenta de um lado para o outro, auxiliados por um ligeiro movimento rotativo do corpo, ceifando os cereais ou cortando a erva.
Trabalhar com a Gadanha requer muita experiência e cuidado. Noutras localidades pode assumir nomes diferentes.
A Seitoira, que noutros lugares tem nomes completamente diferentes, tinha as mesmas funções que a gadanha, porém executava o trabalho de forma mais morosa.
Figura 378 – A Gadanha.
Figura 379 – A Seitoira.
A ceifa com a Seitoira exigia uma posição curvada a mais de 90º em relação ao eixo do corpo, segurando um punhado de centeio com uma mão e segando com a outra. Era um trabalho contínuo, longo e paciente que só o levantar do corpo por curtos espaços de tempo amenizava as dores de rins que a posição causava.
Á medida que o centeio era segado eram feitos molhos de um determinado volume que se apertavam com um “bencelho”, um atilho composto por algumas plantas de centeio retorcidas e quando possível humedecidas.
Seguia-se o trabalho de carga e transporte para as eiras, para que pudesse ser malhado. Durante toda a faina, “as praganas” incomodavam agarrando-se aos corpos transpirados e causando comichão por todo o lado. As praganas são as pontas finas que compõem a espiga.
Figura 380 – Aspeto da faina da ceifa de Centeio.
Figura 381 – Aspeto da malhada do Centeio.
Depois de devidamente limpo o centeio era guardado para trocar por farinha fazer pão e também para alimentar animais.
A palha, além de servir de alimento e para os ninhos dos animais, era também aplicada no enchimento de colchões, tarefa que se fazia todos os anos após a nova safra.
O enchimento era manual, com auxílio de uma “galha” com dois ou três bicos arredondados para fazer chegar a palha a todos os cantos do colchão e da forma mais uniforme possível.
Figura 382 – Enchimento de um colchão com palha de Centeio.
Não seriam certamente um luxo, mas não havia tantas dores de coluna.
O enchimento destes colchões podia também ser feito com o folhelho do milho.
Lembro-me bem do colchão de palha e quero aqui trazê-lo à memória para que os tempos modernos não deixem esquecer os velhos costumes que fazem parte integrante da nossa identidade.
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