CONSTANTIM NA AtualiDADE
A Braseira
Figura 325 – A Braseira.
Quando as gélidas tarde e noites transmontanas pareciam solidificar o sangue nas veias, deixando dormentes os dedos das mãos e dos pés, valia a lareira, única fonte de calor nas casas frias de perpianho.
O seu calor, por mais bem-intencionado que fosse, não chegava a todo o lado e bem vistas as coisas, nem chegava para aquecer toda a cozinha, tal era o frio que se rapava.
O calor tinha então que ser transportado para outras divisões, no sentido de minimizar os impactos do frio muitas vezes acompanhado de ventos de neve.
Recorria-se à braseira, um recipiente metálico com uma base circular plana munida de uma asa de cada lado e cuja parte interior é côncava, de forma a poder receber as brasas.
A braseira era então colocada num estrado normalmente em madeira concebido para o efeito, permitindo assim apoiar os pés e conferindo total apoio à braseira. O estrado possuía entalhes na base de forma a permitir a circulação do ar e desta forma impedir a acumulação de calor que acabaria por danificar os soalhos.
Havia também mesas preparadas para receber a braseira, em torno da qual se fazia um elevado número de coisas, desde o simples conviver entre família ou amigos, passando pelas refeições e orações, tarefas de costura e bordados, assim como os estudos, além de muitas outras coisas.
Figura 326 – Mesa para Braseira.
Também nas salas de aula a braseira marcava presença e se os professores eram benevolentes, de vez em quando deixavam ir aquecer as mãos que já mal conseguiam segurar o ponteiro. Não é que a braseira conseguisse aquecer o corpo, mas pelo menos aquecia a alma com a sua presença.
Se no seu auge, eram construídas em zinco, latão ou cobre, mas sempre com a função de aquecer, atualmente apenas se usam para decoração, corroborando desta forma a importância que tiveram outrora.
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