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  O Gasómetro.

O gasómetro é um dispositivo antigo utilizado para iluminação, com ou sem direccionamento da luz. Surgiu no início do século XX e utilizava o gás acetileno como combustível, resultado da reacção química do carbureto ao misturar-se com a água.

 

Não se usou muito em Constantim e era um dispositivo caro exigindo constante manutenção. O gasómetro era normalmente feito em cobre, e composto essencialmente por duas partes distintas. O reservatório inferior para colocação das pedras de carbureto (também conhecido como carboneto) e o reservatório superior para a água, que gotejava sobre o carbureto por uma abertura fina e regulável. À parte cimeira do depósito inferior, estava ligado um tubo que funcionava como queimador, e que fazia a captação do gás produzido pela reacção química que acontecia ao contacto da água com o carbureto.

 

A luz produzida, se direcionada, podia atingir vários metros de distância tendo por isso sido bastante aplicada nos meios de locomoção da altura, para viagens durante a noite.

 

 

Figura 308 – Dois tipos de gasómetro.

 

Embora o carbureto fosse barato, o cheiro do carbureto, a constante manutenção que exigia e o elevado preço do dispositivo não facilitou a adesão a este mecanismo de iluminação.

 

Uma carga de 300 gramas proporcionava uma boa luz por 5 ou 6 horas contínuas.

 

Não havia em Constantim, muitas habitações iluminadas por este método, mas no entanto, era muito frequente nas festas, depois de cair a noite, encontrar os gasómetros sobre as bancas das vendedeiras de “Doce Teixeira, Cavacas” e todas as outras iguarias em exposição.

 

Nas festas da Senhora da Pena, quase não havia banca ou monte de melões e melancias, que não tivesse um gasómetro a iluminar o produto que vendiam. A verdade é que, para quem tinha um candeeiro a petróleo em casa, se ia à Senhora da Pena, com quatro ou cinco gasómetros à sua volta até parecia dia.

 

Lembro-me por exemplo nas festas de Constantim, de uma vendedeira de refrescos que armava a sua banca em frente ao café do Sr. João. Ao tombar da noite, lá estava ela com aquele “aparelhómetro” que eu não conhecia e que deitava a chama para cima. Já não me recordo, mas parece-me que tinha um cheiro um tanto ou quanto ácido.

 

 

Figura 309 – Corneta semelhante à do Gaseiro.

O “gaseiro”, como se lhe chamava, o vendedor ambulante que em certos dias passava em Constantim e que vendia petróleo e quinquilharias diversas, vendia também as pedras de carbureto e fazia-se anunciar com uma corneta de caça.

 

No entanto, durante mais algumas décadas ainda, continuaram em plena atividade as candeias de azeite, assim como os candeeiros e candeias de petróleo. Foi no entanto mais um passo no caminho da evolução.

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